segunda-feira, 22 de maio de 2017

SAUDADES

Maisa Paranhos

Queridos amigos, 
ando com saudade de mim.
ando sem mim.

Esvoaço na busca 
de um mundo mais continente, 
amoroso, fraterno.

Hoje fui a uma manifestação 
que não altera a vida no país. 
E voltei direto pras caixas de fotos. 
Ouvi música.
Saudade dos mortos e dos ainda vivos.
Saudade dos que estão pra morrer

Fui em busca de mim. 
de minha ternura 
posto que sem ela, 
nada faz sentido. 

E pensando aqui, na gente, 
que tanto amor tem ao país, 
acho que não devemos ser tão rígidos. 
A forma traz o conteúdo
Cuidemos de nós.
Meu carinho para cada um de vcs.

sábado, 6 de maio de 2017

Quem somos nós

Quem somos nós e de que somos feitos? Só de carbono? E se formos mero papel carbono? Borges dizia que nós somos somente os deuses nos pensando. Ora, por quê esta prosa a esta hora? Para dividir com vocês o espanto de ter lido ontem, via BBC, a notícia de que o telescópio Hubble mandou imagens de um aglomerado de galáxias localizado a 6 bilhões de anos luz. Então, somos Luz, deduzo, com a licença de vocês. E algum link teremos nós, no indivíduo e no coletivo, com algo além do que um aparato técnico pode nos estender, mesmo o telescópio dos telescópios. Nossa sensibilidade há de captar para mais adiante do que a nossa física periscópica. A Physis, que já era ciência entre os gregos, é tão somente o literal saber das coisas, até onde chegamos. Não resisto à citação do final da Crítica da Razão Prática (Kant) e, por favor, não me tomem como pedante, sou apenas um caminhante, lado a lado, na primeira pessoa da subjetividade plural, nós. "Muito me impressiona olhar as estrelas no infinito e vislumbrar para dentro de nós mesmos o imperativo categórico" (de possibilidades morais). Dividam comigo um afago de conforto, em momento de encruzilhada tão severo, aqui e alhures.