quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Nos termos do tempo

 Macaco Devagar
(Bruno Moreira Lima)

Antes do ataque fatal
Sente-se, de Cronos, o bafo,

Cuja influência maligna
Faz da razão um bagaço,

Alastrando-se o medo,
E a ele somado
O desespero.
As mãos esfriam, o estômago gela
E, assim como a respiração,
O coração acelera...
Não adianta choro
Não adianta vela
Se não for o indivíduo,
Ao adiantar o que deve,
Antes de tudo, precavido
Para livrar-se do mal
Não tardando, todavia,
Para comer as nossas tripas,
Acabando com qualquer honra,
Desabando qualquer moral,
Ele surge, com sua ira!
E, com ele, uma briga
É de morte ou morte
É brutal!
Não acode a sorte
Não importa a lida
Não redime o esforço:
É briga de foice!
Na qual
A cada rodada
Ele arranca um pedaço
Até que não sobre nada
E o nada perca sentido
Dando na luz
Branca ou vermelha
Conforme o padrão de seus atos
Porém, mesmo do inferno,
Ele nos traz de volta ao jogo
Para saciar-se de novo...
Enquanto eu,
Que, há muito, sei disso,
Porque já morri tantas vezes,
Dessa vez não me rendo
E resisto
Se não o mato por fora,
O rasgo por dentro,
Como um caco de vidro, inflamado,
Retalhando seus órgãos,
Com viço,
E, assim,
Vingando os lentos