Quem somos nós e de que somos feitos? Só de carbono? E se formos mero papel carbono? Borges dizia que nós somos somente os deuses nos pensando. Ora, por quê esta prosa a esta hora? Para dividir com vocês o espanto de ter lido ontem, via BBC, a notícia de que o telescópio Hubble mandou imagens de um aglomerado de galáxias localizado a 6 bilhões de anos luz. Então, somos Luz, deduzo, com a licença de vocês. E algum link teremos nós, no indivíduo e no coletivo, com algo além do que um aparato técnico pode nos estender, mesmo o telescópio dos telescópios. Nossa sensibilidade há de captar para mais adiante do que a nossa física periscópica. A Physis, que já era ciência entre os gregos, é tão somente o literal saber das coisas, até onde chegamos. Não resisto à citação do final da Crítica da Razão Prática (Kant) e, por favor, não me tomem como pedante, sou apenas um caminhante, lado a lado, na primeira pessoa da subjetividade plural, nós. "Muito me impressiona olhar as estrelas no infinito e vislumbrar para dentro de nós mesmos o imperativo categórico" (de possibilidades morais). Dividam comigo um afago de conforto, em momento de encruzilhada tão severo, aqui e alhures.
Relatos Cardíacos nasceu para dar vazão sobretudo à dor. Dor por todas as perdas deste país, quase Nação. Dor de cada um dos que - na pracinha do feicibuqui - trocam seus sentimentos, sua desesperança, sua canseira diante de um tempo obscuro que imaginávamos parte do passado para sempre. Fomos ingênuos. Mas não perdemos nossas certezas. A certeza do lado em que estamos. O lado da justiça social, da arte, da beleza, da verdade sempre buscada. O lado do coração do Homem.
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