sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

1968 é vários anos



Liu Sai Yan

E quando falamos que gostamos, reafirmo que adoro por razões sentir-mentais, sem bravata nostálgica e mais por fragmentos de um forever que rima com à frente. Chien Jin, incitava o hino yellow fellow que implodiu a república dinástica sonhada pela quarta frota do Pacífico em conluio com a velha Albion decrépita, cujo Sol se punha em todos os galinheiros.
Sim, hard rain à frente (e em cima), estávamos nem aí, nós que amávamos tanto os revolucionários, à distância prudente, e a velha guarda dos bandoleiros vermelhos que riscaram um mapa-múndi de Leste a Oeste, do Sul ao Norte. Culto de personalidades no duro e na lata, equidistante dos novíssimos inimigos guerrafrilas que militarizaram fronteiras bolcheviques e maoistas. Giap foi ídolo pop à altura e estatura de Che. Disparariam imediatamente um contra outro se postos cara a cara, mas o fuso horário inviabilizou o duelo, já que um acordava quando o outro ia pra cama, e assim deixamos o pau quebrar sob os auspícios de Dany le Rouge e Debray, enquanto Jean Luc armava trampas contra Pontecorvo, com Glauber planejando incinerar a terra do Sol e... nós, desavisados do impacto do ato institucional ao som dos imbecis nacionais, levamos no meio da cara (em cheio nos tímpanos) o petardo-manifesto da Zona do Norte que não tinha a ver com festa pobre, sóssonorizaram (tomografaram) o carnaval dos mendigos.
Beggars Banquet. Referência máxima internacionalista que furou barreiras e derrubou cercas pra geração deslocada dez anos entre o Chega de Saudade porque I wanna hold your hand. O Imagine descolava dos muros pra sair girando em 33 1/3 rotações por minuto. Eu? Eu sorria assim eu ia... no embalo desgarrado do rock sujo e da audição desbundada em apês lotados de fumacê e love você, enquanto o planeta se derretia em cores-crimes-bandeiras.

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