terça-feira, 20 de dezembro de 2016

NÃO VAMOS PIRAR



Rafael Castilho
Não há vitória que seja permanente. Mas também não há derrota que seja definitiva.
Um povo jamais pode se dar ao luxo de ficar desatento. De se acomodar. De ser alienado.
Quem se diz militante jamais pode ficar relaxado no ar condicionado. Quem conhece política, não pode acreditar que ganhar eleições seja suficiente. Que ganhar eleições seja ganhar o poder. Quem veio debaixo não pode acreditar tão estupidamente que passou a fazer parte da elite. Que foi aceito. Que tem alianças plurais. Que controla os agentes da burocracia e dos estamentos com seu cargo. Quem se diz de esquerda não pode se seduzir tanto com o dinheiro. Não precisa ser um monge franciscano. Não precisa ser demagogo. Mas não pode pirar o cabeção do jeito que uns e outros piraram. Quem alcança uma posição de destaque, não pode cair no conto da sereia. Não pode achar que tudo é pra sempre. Que estão todos seduzidos com sua inteligência e aceitaram de bom grado estarem subjugados por quem até outro dia estava no degrau debaixo da escadaria social. Assim é no século XXI, como foi durante tanto tempo. Para estes foram construídas tantas masmorras ao longo dos séculos. Muitos foram jogados nessas selas. Não se pode vacilar. Pra quem veio debaixo tudo sempre é muito perigoso. Tem que ser firme como uma rocha. É foda.
Mas a boa noticia é justamente essa:
Do mesmo modo que não existe vitória definitiva, também não há derrota que seja permanente.
Tem que continuar lutando. Não dá pra relaxar. Já não deveria ter relaxado antes, imagine agora. O cabo de guerra está mais pro lado deles. Mas eles podem também se enforcar com tanta corda. Logo mais estaremos mais fortes. Aliás, não se esqueçam que nós vencemos a eleição. Não foram eles. Levantem a cabeça!
Certa vez assisti um discurso do Brizola. Ele disse assim:
"Nós não devemos agir como os pombos. Estes no menor sinal de estouro se estapeiam, batem asas desastradamente. Se desorganizam com facilidade. Voa um pombo pra cada lado e se perdem. Temos que ser como as formigas. Se você atira uma pedra num formigueiro, as formigas se espalham imediatamente. Vai uma para cada lado. Se tiverem uma chance atingem o agressor. Depois, rapidamente elas já estão enfileiradas. Cada uma em sua posição. Se reorganizam e em pouco tempo já estão marchando juntas".
Esse era o Brizola. Assisti esse discurso na mesa de trabalho, num evento que ocorreu no fim de sua vida.
Acho que é mais ou menos por aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário