Ana Lagoa
Descobri o falafel vagando pelas ruas de NY em um
dia 12 de outubro pré-Torres Gêmeas. Vários quarteirões cheios de gente e
barracas de comidas de todo o mundo. E lá estavam os rapazes com caras de
árabes, com seus cabelos e olhos negros imensos. NO tacho bolinhos amarelos
flutuavam gritando em óleo de gergelim fervente. Um dólar. E um deles tirava o
bolinho do tacho, colocava em um suporte de papel, abria ao meio e colocava ali
o molho escolhido. Feito de massa de feijão e especiarias, o falafel é tio avô
do acarajé, com certeza, sem o dendê. Ai vou na feira das colônias e dou de
cara com ele, o falafel, mas não na barraca dos sirios, ou dos libios, ou dos egipcios, ou
dos armênios... mas na barraca de Israel, onde pessoas claras, de olhos claros e
cabelos ralos, se esmeravam em fazer as apresentações. Olhei para eles,
agradeci poder rever esse bolinho fantástico, pedi o meu no prato com pasta de
grão-de-bico azeda, uma saladinha de repolho bem fininho e pão (sírio???).
Ponho o primeiro pedaço na boca, sinto o cheiro dos temperos (árabes????) e
ouço ao longe, bem longe, tiros e bombas caindo onde o deserto encontra o mar
sujo de óleo negro e sangue.
Tão universal e sem preconceito sequer racial, falafel e mais que pastel. Brava!
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